ANOS 30 - INFLUÊNCIA DAS ESTRELAS DE CINEMA
Estoura no ano de 1929, a grande crise financeira mundial com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York. A inflação dispara, milionários ficaram pobres de um dia para o outro, bancos e empresas faliram e milhões de pessoas perderam seus empregos. Na Europa surgem regimes autoritários como o nazismo na Alemanha e o fascismo na Itália.
Para Moutinho, ao lado da crise financeira, a década de 30 foi um período de produção, invenção e criação cultural intensas. As classes mais favorecidas pareciam ignorar a crise. (Id. ib., p.102).
Nos anos 30, redescobriram as formas do corpo da mulher através de uma elegância refinada, sem grandes ousadias, dando-lhe uma forma harmoniosa e natural. Lurie (Id. ib., p.91) ressalta, o padrão de beleza feminina também mudou.
Morin, conclui "aproximadamente a partir de 1930, o cinema, que se transforma, vai transformar as estrelas. Os filmes se tornam mais complexos, mais "realistas", mais "psicológicos", mais "alegres"". (1989, p. 9).

Hollywood, através de suas estrelas, como Greta Garbo e Marlene Dietrich, e de estilistas, como Edith Head e Gilbert Adrian, influenciaram milhares de pessoas. Alguns modelos novos de roupas surgiram com a popularização da prática de esportes, como o short que surgiu a partir do uso da bicicleta. Um acessório que se tornou moda nos anos 30, foram os óculos escuros.
O corpo feminino voltou a ser valorizado, os seios também voltaram a ter forma. A mulher então recorreu ao sutiã e a um tipo de cinta ou espartilho flexível. Como podemos acompanhar no cinema, para Morin: "o erotismo, é a atração sexual que se espalha por todas as partes do corpo humano - fixando-se sobretudo nos rostos, nas roupas, etc. - é também o imaginário mítico que toca todo o domínio da sexualidade. As novas estrelas são totalmente erotizadas [...]". (1989, p. 16).
As estrelas de cinema obedeciam à etiqueta suprema, a dos príncipes e princesas, mas tinham sua individualidade presente na simplicidade e no glamour, como explica Morin, Donas da moda, quebram tabus com naturalidade.
No final dos anos 30, com a aproximação da Segunda Guerra Mundial, que estourou na Europa em 1939, as roupas já apresentavam uma linha militar, assim como algumas peças já se preparavam para dias difíceis, como as saias, que já vinham com uma abertura lateral, para
facilitar o uso de bicicletas. A guerra transformou a forma de se vestir e o comportamento dessa época.
Nessa época, o termo prêt-à-porter [1] ainda não era usado, mas os passos para o seu surgimento eram dados pela butique, palavra então muito utilizada que significava "já pronto". Nas butiques surgiram os primeiros produtos em série assinados pelas grandes maisons de costure.[2]
Moutinho, descreve que a moda no Brasil teve forte impacto com a crise de 1929. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, 579 fábricas fecharam por falta de compradores ou passaram a funcionar dois ou três dias por semana, estimando-se em dois milhões o número de desempregados. Devido à guerra, as comunicações com a Europa estiveram prejudicadas e a moda ditada pelo exterior chegava com atraso . A moda no Brasil tornou-se mais comportada e séria. (Id. ib., p.130).
[1] Expressão francesa para roupa fina comprada pronta somente em butiques; estas peças seguem as mesmas tendências da alta-costura, porém são confeccionadas em escala industrial.
[2] O inglês Charles-Frederic Worth (1825-1895) foi o primeiro costureiro a criar uma maison de costure, ou seja, uma casa de costura, onde o vestido era montado quando o cliente ia experimentá-lo, para ser ajustado ao corpo. O inglês também foi o primeiro a ter a idéia de apresentar seus modelos em desfiles com manequins e a cobrar preço superiores para quem quisesse usar sua griffe (marca). Com a prosperidade das maisons ocasionou o aparecimento de indústrias e ateliês que forneciam tecidos e acessórios.
Por hoje é isso! Vou aproveitar um pouco mais esse domingo ensolarado!
Bjs e até mais Ale.
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